Quando
eu era molecote
Nem
ligava pra própria sorte
Ou
mais velhos não ouvia
Só
debochava e ria
Sempre
ouvi dizer
Das
histórias de assombração
Mas
nem queria saber
Virava
as costas, ria e não dava atenção.
Mas
um dia
Como
um castigo que vem do céu
Fui
dormir com minha tia
E
tive a prova mais cruel
Uma
carruagem sombria
Que
soltava chamas sem parar
Passou
pelos meus olhos tão fria
Com
seus passageiros a gritar.
O
carrasco que chicoteava a todos
Tinha
sangue no olhar
Enquanto
os condenados imploravam
Ele
ria e gritava sem parar.
Pude
perceber então
Naqueles
olhares de desespero
Que
suas súplicas eram em vão
Pois
condenados estavam para o infernal desterro
Minhas
pernas tremiam diante da reluzente cavalgadura
Meus
olhos queimavam só de olhar seu infernal condutor
Meu
coração quase parava
Enquanto
eu ficava molhado em suor
Foi
então que ajoelhei
Pedindo
a Deus em oração
Pelas
almas condenadas
A
vagar na escuridão
Seja
lá o que fizeram
Para
passar por tal provação
Que
Deus os livrasse do inferno
E
do desespero daquela situação.
Se
minha súplica foi ouvida não sei
Nem
se venci minha batalha contra o cão
Mas
aprendi uma lição
Dos
mais velhos, nunca mais duvidei.
Texto da escritora Alessandra de Andrade Campos Tafarello.
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