sábado, 3 de agosto de 2013

CARRUAGEM DO INFERNO


Quando eu era molecote
Nem ligava pra própria sorte
Ou mais velhos não ouvia
Só debochava e ria

Sempre ouvi dizer
Das histórias de assombração
Mas nem queria saber
Virava as costas, ria e não dava atenção.

Mas um dia
Como um castigo que vem do céu
Fui dormir com minha tia
E tive a prova mais cruel

Uma carruagem sombria
Que soltava chamas sem parar
Passou pelos meus olhos tão fria
Com seus passageiros a gritar.

O carrasco que chicoteava a todos
Tinha sangue no olhar
Enquanto os condenados imploravam
Ele ria e gritava sem parar.

Pude perceber então
Naqueles olhares de desespero
Que suas súplicas eram em vão
Pois condenados estavam para o infernal desterro

Minhas pernas tremiam diante da reluzente cavalgadura
Meus olhos queimavam só de olhar seu infernal condutor
Meu coração quase parava
Enquanto eu ficava molhado em suor

Foi então que ajoelhei
Pedindo a Deus em oração
Pelas almas condenadas
A vagar na escuridão

Seja lá o que fizeram
Para passar por tal provação
Que Deus os livrasse do inferno
E do desespero daquela situação.

Se minha súplica foi ouvida não sei
Nem se venci minha batalha contra o cão
Mas aprendi uma lição

Dos mais velhos, nunca mais duvidei.
Texto da escritora Alessandra de Andrade Campos Tafarello.