terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O Homem, o Conhecimento e a Sabedoria.

A Idade Média, período que se estendeu do século V ao século XV, ficou para sempre conhecida como os mil anos de escuridão. Então, a revolução industrial trouxe a modernidade aos nossos dias; a eletricidade iluminou as nossas casas e a comunicação digital aproximou mundos distantes, deixando toda espécie de conhecimento ao alcance de um teclado. Mas, representamos uma parcela tão pequena do universo e vivemos rodeados de tantos problemas que, muitas vezes, nos sentimos impotentes, nos esquecendo do potencial criativo e transformador que existe dentro de cada um de nós.
Galileu com sua genialidade explorou o espaço até conseguir reposicionar os astros no céu e modificar o movimento relativo entre eles. Contudo, para isso precisou desenvolver e aprimorar seus próprios instrumentos; lunetas e telescópios. No entanto, sua façanha quase nada representa diante do universo que existe para ser explorado por nós em nossas próprias mentes. Pois, somente a partir das descobertas dessa exploração pessoal e científica, poderemos assistir o surgimento de uma nova sociedade. Mas, infelizmente, isso ainda se apresenta como uma conquista inimaginável, improvável e até mesmo “impossível” para a maioria das pessoas, assim como era visto o universo heliocêntrico proposto por Galileu, mas que graças a muito trabalho, imaginação e determinação, derrubaram com séculos de cegueira e rigidez de várias gerações. Hoje, o instrumento mais poderoso que temos para explorar o nosso potencial e realizar novas conquistas é o próprio “conhecimento”. Ele é a luneta moderna que nos possibilita enxergar através da realidade subjetiva que cristaliza boa parte da sociedade. É o combustível que pode impulsionar e dar energia a cérebros e mentes que vagueiam pelas ruas e avenidas dos centros urbanos, como exploradores e viajantes cansados de trabalhar, sonhar e olhar para o céu na esperança de encontrarem novos mundos, caminhos e oportunidades para serem felizes. Contudo, conhecimento sem sabedoria pode se transformar em uma ferramenta inútil ou em uma arma perigosa, quando em mãos e mentes despreparadas; é como tecnologia fora de época; é como um computador para o homem das cavernas. O conhecimento não deve afastar as pessoas, diferenciá-las ou humilhá-las. Sua função é justamente o oposto, ou seja, aproximar as pessoas, física, cultural e emocionalmente, beneficiando a todos.
    A falta de cultura nos expõe aos vexames, aos prejuízos materiais, pessoais e econômicos. No entanto, a falta de sabedoria em usar o conhecimento que adquirimos pode nos expor e nos condenar ao cárcere da soberba, da inflexibilidade, da arrogância, da prepotência e de muitas outras prisões do ego. Os que permanecem trancados nesse pequeníssimo mundo paralisam a capacidade de expansão do universo de suas mentes, sendo impedidos de enxergar novos horizontes. Em suma, o conhecimento protege o homem de seus semelhantes. Mas, somente a sabedoria o protegerá de si mesmo. Somos os principais personagens em toda trama social, e nossas atitudes e palavras influenciam a plateia a nossa volta, construindo ou destruindo pessoas. Devemos estar conscientes que ao representarmos os nossos papéis sociais de pais e filhos, professores e alunos, críticos e criticados, simples cidadãos ou líderes, estamos sendo vistos e nos tornando modelos para as gerações futuras. Nossas atitudes, por mais insignificantes que possam parecer, ecoam silenciosa e infinitamente através dos tempos, influenciando e transformando o mundo, da mesma forma como uma simples lente e o olhar de alguém direcionada para o alto, um dia mudou toda configuração do universo a nossa volta.   

Texto do livro Sempre Existe uma Saída de J. Edir Bragança

Transformando ou construindo a realidade?




A “luz” é um fenômeno que sempre causou fascínio e curiosidade a comunidade cientifica. Inicialmente se acreditava que a estrutura molecular da luz fosse formada por ondas, porém, ainda na primeira metade do século XX, descobriu-se que ela era tão instável que se comportava tanto como ondas (energia), quanto como partículas sólidas (matéria). Em outras palavras, a luz podia transcender entre uma forma de energia e o mundo físico. Porém, essa não seria uma exclusividade da luz, mas sim, do microcosmo, onde os elétrons poderiam se comportar tanto como partículas (matéria) quanto como ondas (energia) e o mais interessante, pelo que tudo indicava, a interação de um observador sobre o objeto observado seria o catalisador de tal transformação.

A partir daí, a física quântica passou a defender a hipótese de a interação humana ser capaz de fazer com que algo que inicialmente se comporta como energia,  de natureza abstrata e localização indefinida no espaço, se transforme em matéria concreta e de localização conhecida. Ou seja, o que antes era apenas uma possibilidade poder ganhar tons de realidade a partir da ação de um observador ativo. Em outras palavras, podemos dizer que a suposta realidade existente antes da ação humana (observação ativa) é apenas uma possibilidade, algo volátil e inconsistente até atuarmos sobre ela.

A essa altura você pode estar pensando, e daí?

Então eu lhe digo. Diariamente, baseado em acontecimentos e nas informações que chegam até nós, fazemos previsões e acreditamos ser capazes de conhecer, ainda que de forma superficial, parte do que o futuro nos reserva. Em alguns momentos, o cenário no qual estamos inseridos se torna tão impregnado de fatos e fatores negativos que tudo que conseguimos ver como realidade é um futuro pouco promissor. Entretanto, é bom tomarmos consciência que essa suposta realidade não passa do esboço de um quadro ainda sem moldura, formado por imagens de pouca nitidez e de contornos indefinidos.

            Para ser mais específico, quero dizer que praticamente tudo que acreditamos ser a mais pura realidade é apenas parte de uma miragem ou abstração do que captamos do mundo físico, logo, tão instável que pode ser transformado de um momento para outro. Nada! Seja vida ou morte, riqueza ou pobreza, vitória ou derrota, alegria ou tristeza, é o que é definitivamente. São nossas crenças, costumes, culturas, estado de espírito, autoestima, perseverança, o nosso conceito de tempo e etc., que os definem como tais. A realidade é fruto da percepção particular que cada um de nós cria em um determinado momento ou aquilo que aceitamos como real em nossas mentes. Basta mudarmos nossa perspectiva, comportamento ou o contexto de onde tal realidade surge, e tudo se transforma. Em suma, nunca vemos a realidade pura e talvez ela nem mesmo exista como algo fixo. Seja filosófica ou cientificamente, o que vemos é a realidade surgida a partir do método que usamos para observar ou mensurar os objetos, acontecimentos ou pessoas que estão diante de nós.
Leia um mesmo livro ou veja um mesmo filme duas vezes, uma imediatamente a outra, e na segunda vez você descobrirá algo mais. Tanto o livro quanto o filme continuam sendo exatamente os mesmos, a única coisa que mudou foi a sua forma de olhar e de interpretá-los.
Devemos acreditar mais em nosso potencial e continuar lutando, precisamos duvidar do improvável e desafiar o impossível, até transformarmos tudo que existe de instável, inconsistente e indesejável em uma realidade favorável a nós.  Pois, como disse Saint Exupéry. 
                                “O essencial escapa aos olhos”


Texto inédito que será publicado no próximo livro de J. Edir Bragança





Sobre o autor: 

J. Edir Bragança é natural do estado de Espírito, tem cinquenta e três anos e vive no Rio de Janeiro desde os dois anos de idade. Graças a sua formação em psicologia e suas pesquisas, se utiliza de uma linguagem simples para levar através de seus textos, conhecimentos científicos e estratégias cognitivas (formas de pensamentos) que possam ajudar os leitores no seu dia a dia.
Em sua literatura é comum encontrar citações de filósofos, pensadores e acontecimentos marcantes do passado, sempre traçando paralelos e conexões com os problemas do presente e sugerindo saídas para os mesmos.
            É autor dos livros:
“As Mentes do Bem” - composto por textos reflexivos que tem como propósito elevar a autoestima e amenizar sentimentos de angústia e ansiedade que são impostos pela vida moderna. O livro se mostra revelador ao apresentar para o leitor uma perspectiva de que a realidade é fruto da percepção que cada um tem das experiências que vive e do mundo a sua volta.
“Sempre existe uma Saída” – Além de ser uma história emocionante, os personagens vivem inúmeros problemas atuais, de onde o leitor poderá tirar diversos ensinamentos para aplicar em seu cotidiano.
Vale a pena conferir.